terça-feira, 29 de julho de 2008

Epidemia de estupro faz do Congo o pior lugar da Terra

Do tamanho da Europa ocidental, a República Democrática do Congo é um dos países com maiores recursos naturais de África. Tem diamantes, cobre, cobalto e uma infinidade de outras riquezas que facilmente poderiam fazer da nação uma potência regional. Infelizmente, o Congo sofre do que se costuma chamar de a “maldição dos recursos naturais”. Há anos governos corruptos e milícias sanguinárias transformaram o país na melhor versão terrestre do inferno, onde atualmente se concentram as maiores atrocidades cometidas contra seres humanos no mundo.
Na parte leste do país, especialmente na região de Kivu, uma “epidemia de estupro” tem atingido milhares de mulheres – algumas com menos de 4 anos de idade. Segundo a ONU, só em 2006 cerca de 27 000 mulheres foram vítimas de violência sexual em Kivu, e a própria organização internacional admite que o número oficial provavelmente se refere a apenas uma pequena parte das vítimas.

Um documentário chocante, “The Greatest Silence: Rape in the Congo”, acaba de ser lançado e traz entrevistas com mulheres que não só foram estupradas por grupos de mais de 20 homens, mas que tiveram de assistir seus maridos e filhos serem assassinados durante ataques a vilarejos. Feito por Lisa F. Jackson, o filme mostra ainda entrevistas com os estupradores, que admitem com naturalidade em frente à câmera como o estupro se tornou banalidade no país. Um deles, membro do exército congolês, diz que “estuprar dá força ao espírito e ajuda na guerra contra os inimigos”.
Um dos personagens mais sensacionais do filme é uma policial que cuida, ao mesmo tempo, dos casos de estupro e de abusos a crianças em Kivu. Ela trabalha sozinha, sem nenhum apoio maior do governo e tem muitas vezes de pagar o próprio transporte para se deslocar até os pequenos vilarejos e entrevistar as vítimas.
O presidente Joseph Kabila não faz nada para colocar um fim na situação, e o Conselho de Direitos Humanos da ONU recentemente não renovou o mandato de seu expert para o Congo. Ou seja, nem o governo local e muito menos a comunidade internacional ligam para o que acontece por lá.Enquanto isso, mais e mais vítimas padecem em um dos mais vergonhosos massacres contra mulheres da história da humanidade

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