sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A difícil arte de saber amar

Se tudo fosse - “Eu te amo. Você me ama? Resposta: “Amo. Pronto! Seria simples.
E foram felizes paro o resto da vida. Quando tal diálogo acontece e duas pessoas percebem que se amam, aí a dúvida e a confusão não terminam. começam! Não está disposto na lei da vida que duas pessoas que se amam, saibam amar.
O normal é as duas não saberem. Raro é as duas saberem.
O habitual é uma saber e aguentar o rojão pela outra. Saber! amar!
Quanta gente prefere viver com alguém que sabe amar, mesmo que não o ame!
Quanto amor pode brotar da relação com quem sabe amar!
Quem sabe amar pode até realizar o milagre de acabar recebendo o amor de quem não o ama, ou ama e não sabe.
Saber amar é conhecer o amor como forma de arte.
O amor é apenas um sentimento, enquanto que saber amar é uma criação, visão estética do amor. Tanto é flor na hora certa, como presente fora de hora.
Saber amar implica conhecer sabedorias que o amor não sabe, como esperar, deixar fluir, não invadir as dúvidas do outro, abafar nem impedir que a outra parte supere a fossa, a angústia ou a dor que a oprime.
Quem ama desama junto.
Quem sabe amar, por conhecer exata dos orgulhos que valorizam o amor, suporta tal sentimento, desde que seja passageiro, é claro.
Quem ama, quando cansa pode voltar a amar.
Quem sabe amar quando desliga é para sempre.
É mais fácil afrontar a quem ama do que a quem sabe amar.
Este, conhece tanto a importância do seu sentimento, que quando o retira, machucado, incompreendido ou ferido de morte, é para sempre.
Cuidado com quem ama! Mas cuidado maior com quem sabe amar!
Quem perde um amor perde menos do que quem perde alguém que sabe amar.
Saber amar é depender.
Não é ser servil.
Não é viver agradando, não é fazer o que o outro quer.
Saber amar é ter as reações certas, de compreensão e crítica; é ocupar todo o seu lugar no espaço e no tempo do sentimento e da emoção do outro.
Saber amar é até saber desistir.
Saber amar é aquela parte que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro que um dia saberá amar.
E a encontrando tem paciência, afeto e tolerância.
A menos que descubra que ela não merece.
Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias, bravura raramente em quem, apenas, ama.
(Artur da Távola)

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