terça-feira, 12 de agosto de 2008

Epidemia por Micobactérias

Se você vai ser submetido a algum tipo de cirurgia nos próximos dias, não deixe de ler esse post.

Especialistas alertam para risco de epidemia por micobactérias

O Ministério da Saúde voltou a registrar neste ano notificação de infecções por bactérias de crescimento rápido e de difícil tratamento em pacientes que realizaram videocirurgias. Há riscos de nova epidemia. O alerta foi dado por especialistas no 3.º Encontro Nacional de Tuberculose (20/Jun/2008), realizado em Salvador (BA).
As bactérias envolvidas, chamadas micobactérias, são de diferentes tipos.
Só em 2007 foram detectados 1.573 casos de infecções graves após os procedimentos cirúrgicos no país.
Neste ano já são 31 casos, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pacientes que realizavam cirurgias, como para retirada de cisto por pequeno orifício no abdome, mulheres que fizeram lipoaspiração e pessoas que reduziram o estômago com o uso das técnicas menos invasivas desenvolveram graves infecções, resistentes aos antibióticos mais comuns, por causa da superbactéria.
As seqüelas são feridas, abscessos com pus e perda de tecidos. Não houve registro de morte. "Estamos sob risco de uma nova epidemia tendo em vista que não foi feito nada para melhorar o controle. Não houve uma única admoestação aos hospitais em que isto já tinha ocorrido, os serviços não foram fechados e cirurgias continuam sendo realizadas sem o mínimo cuidado", disse Margareth Dalcomo, especialista do Centro de Referência Professor Helio Fraga, do Rio, órgão assessor do Ministério da Saúde que tem auxiliado os governos a combater os casos.
Dalcomo disse que os casos no Rio no ano passado foram uma epidemia, e não um surto, como chegou a ser divulgado, porque ocorreram de forma disseminada pelos serviços hospitalares. A falta de adequada esterilização de materiais cirúrgicos é apontada como a principal suspeita de gerar os casos. De acordo com Leandro Santi, responsável pela gerência de investigação e prevenção das infecções e dos eventos adversos da Anvisa, o órgão não pode punir os hospitais onde as infecções ocorreram porque não havia norma que exigisse esterilização dos equipamentos quando os casos foram registrados. Atualmente a norma da esterilização é aplicada, mas a agência ainda não definiu como os materiais deverão ser esterilizados, se com produto químico ou outros processos.
Fonte: O Estado de S. Paulo em 20/06/2008


Como vimos na matéria acima Ministério da Saúde fez a alerta sobre a possibilidade de uma epidemia no mês de junho, e pouco tempo depois....
Risco de infecção por micobactéria cancela cirurgias de lipoaspiração
Falha na esterilização pode ser a causa da contaminação.

Epidemia já atinge Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
As cirurgias de lipoaspiração foram canceladas e os aparelhos usados nesse tipo de operação serão substituídos no Espírito Santo. O motivo é a micobactéria, que já contaminou milhares de pessoas em todo o Brasil. E os médicos avisam: a contaminação pode ser muito maior do que se imagina.

“Eu tinha um mês de casada quando fiz uma cirurgia. Quase acabei com a vida da minha mãe, do meu marido e da família inteira”, diz a operadora de financiamento Vanessa Farias

Surto sem precedentes
No ano passado, uma outra bactéria, da mesma família, provocou no Brasil um surto sem precedentes. “Nunca houve no mundo a identificação de um número de casos tão grande causado por um mesmo patógeno”, afirma Margareth Dalcolmo, pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz.

A Mycobacterium massiliense atacou mais de 2 mil pacientes de videocirurgias em todo o país. Por reuso de material descartável, por má utilização dos mecanismos de limpeza e esterilização”, diz Margareth.

“A minha cicatriz está com 36 centímetros. Eu perdi o umbigo e estou com dois nódulos no fígado que os médicos ainda não sabem o que é”, afirma o empresário Marcos César Martins.Ele foi contaminado em uma videocirurgia de vesícula. O empresário faz parte de uma associação que reúne mais de cem vítimas desse tipo de micobactéria no Espírito Santo.
São pessoas que convivem com seqüelas graves.“Já fiz duas cirurgias para retirar a bactéria, estou com uma hérnia, estou com nódulo no fígado. Perdi 20 decibéis em cada ouvido, a minha visão também está turva”, conta a publicitária Fernanda Ferreguetti.
Hospitais do estado foram multados em até R$ 50 mil por falhas na limpeza de equipamentos cirúrgicos. “Na época, se descobriu que a bactéria era resistente à solução que se usava para esterilizar o tipo de material de videocirurgia”, lembra o infectologista da Ufes, Reynaldo Dietze.
Foram determinadas mudanças nos procedimentos de limpeza e o surto foi controlado.


Agora, a epidemia causada pela outra bactéria - aquela que vem aparecendo nas
cirurgias de lipoaspiração - pode ter a mesma origem: instrumentos mal esterilizados.
Esterilização
Por ano, no Brasil, são realizadas cerca de 100 mil lipoaspirações. E a notícia de contaminação por bactéria alterou a programação de um congresso no Rio de Janeiro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi convocada às pressas para alertar os médicos sobre os cuidados com a limpeza do equipamento.“A recomendação é que todos os médicos agora verifiquem o estado de suas cânulas”, pede José Tariki, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

No Espírito Santo, a Secretaria de Saúde já anunciou que os instrumentos usados em cirurgias de lipoaspiração serão trocados. “Tudo novo para que a gente possa ter de fato essa segurança tão desejada”, diz Anselmo Tozi, secretário de Saúde do Espírito Santo.

“Nós vamos recomendar que os médicos que têm esse material com mais de cinco anos de uso, que troquem, que comprem material novo, para prevenção”, diz Sérgio Levy, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro.
A micobactéria se transformou em um pesadelo sem fim para as vítimas.
As cariocas Luciene e Vanessa tomam há seis meses antibióticos pesados, que atacam o fígado e o estômago, além de dolorosas injeções semanais.“Eu entrei com um processo contra a médica e contra a clínica”, diz a comerciante Luciene Teixeira. Mas as cicatrizes - físicas e psicológicas - talvez nunca desapareçam.
Fonte: G1 10/08/2008

Agora fica a dúvida: porque o cuidado na esterilização dos equipamentos não foi redobrado, uma vez que já tinham sido alertados sobre o problema????
Postado por Mirian Martins às
06:49

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